17/12/2010
21/09/2010
Diariamente me confundo
Tento ver o mundo como novo
mas quando vejo a criança, o jovem e o velho morador de rua
e outras fatalidades
me apavoro sentindo-me impotente
pensando que novo é o número crescente das catástrofes
Finjo acreditar na novidade
para não correr o risco de ser chamado de covarde
Finjo não perceber que todo dia é igual ao que passou e ao que virá
para parecer entusiasta
Minha aflição está no saber
que não é nisso que confio
que na verdade me confundo.
02/09/2010
Quando a ingenuidade permitia a existência sem dó
havia mais espaço para luta e motivação
A palavra do poeta
do filósofo, do físico, do matemático
e do carteiro
era interpretada como uma mensagem pessoal para mudar
E a mudança materializava-se em impulso
Mas algo parece dar errado
convertendo feras em dóceis presas
guardando as garras, escondendo os dentes
trocando o pulso pelo pasto
Por sorte o instinto não se desfaz diante da farsa
a semente da fúria brota da calúnia, da injustiça, da mentira e do desgaste
A revolução amadurece
passa de pessoalmente estanque
para coletiva e constante.