27/05/2010

Vozes da modernidade:

Beng! Pow! Tum! Ratatatá!
Pow! Tum! Beng! Ratatatá!
Tum! Beng! Pow! Ratatatá!
Ratatatá! Beng! Pow! Tum!
Ssssssssssssssssssssss
Quem nunca se desesperou
que me jogue um balde
de extrema temperança.
Indisponho-me com
palavras enroscadas
olhares atravessados
desejos recalcados

Disponho-me
a realizar
a transversar
a desenrolar

Mas não estou só
nesta história

Nem sempre colaboram.

19/05/2010

Exagero minhas manhãs
com tons de laranja e dourado
compensando o esforço indesejado

Quando nublo não me perturbo
exagero no otimismo
resigno

Faça chuva ou faça lua
auto-afago é um dos prêmios baratos
do nascer-se ao opor-se.

03/05/2010

Durante o almoço lembrei-me de uma entrevista com um famoso bibliófilo que dizia: - Paulo Coelho está para a literatura assim como Edir Macedo está para a religião. Porque ouvi a conversa entre um garçom e um cliente:
- O senhor já pediu, Bispo?
- Ainda não... quero um filé com fritas...
- Algo para beber?
- Tem suco de quê?
- Abacaxi, limão,
- Tem graviola?
- Tem sim ... com açúcar? ... já trago ...
O tal Bispo não agradeceu, nem se interessou. Fiquei observando.
Bem alinhado o sujeito, com um conjunto comum de terno brega, gravata vermelha, relojão dourado e cara de desconfiado. Sua postura na cadeira era de um urubu tomando sol.
Percebi que apesar da minha grande vontade de respeitar a todos, há tipos que não me deixam tranquilo. Meu almoço foi tumultuado por essa presença, não deixei de observá-lo um instante, pensando na quantidade de pessoas que são enganadas por tipos como esse. A fé a serviço do enriquecimento de pilantras.
Depois de um tempo chegou mais um, com a mesma cara, e praticamente a mesma roupa. Imaginei-me sentando-me à mesa, simplesmente dizer que gostaria de saber sobre o que conversam os Bispos. Não tive coragem. Tomei meu café, com vontade de brigar. Fui pagar a conta sem olhar para eles diretamente, de rabo de olho apenas percebi os dois devorando a comida sem se olharem, parecendo nem sentir o sabor do alimento.
De dentro do salão pode-se observar a rua e de lá se pode observar o salão, por conta de um grande vidro. Quando saí fiz questão de olhar para através da divisória. Quando percebi que me notaram, enfiei o dedo no nariz, no fundo, buscando um pedaço do meu cérebro. Um deles fez uma careta o outro mastigou seu bife abrindo bem a boca.