Temores e tremores
Dois eventos da Natureza mexeram comigo,
abalando um pouco mais meus medos.
Para situar, estamos em maio de
2021, a CPI da Covid-19 desenterra fatos para revelar os motivos de tantos
sepultamentos.
Ainda nos afogamos em ondas de
infecção; mentiras e verdades nos deixam à deriva entre dúvidas e certezas dos
corsários da política.
Diante disso, nem o Vírus nem a Morte
se importam com as narrativas humanas e continuam tecendo dramas.
Como se eles não bastassem, quero comentar
sobre o Iceberg Gigante e o Arco de Darwin.
No dia 19, um bloco de gelo nomeado A-76 se desprendeu da Plataforma Ronne, na Antártica.
Três vezes maior que esta metrópole
onde vivo, ele está boiando no Mar de Weddell que, apesar da distância, olhando
no mapa não parece muito longe daqui.
Ainda de olho no mapa, distante do gelo está a Ilha de Galápagos, no Equador.
Famosa por ter aberto a cabeça do
Charles Darwin para sua Teoria da Evolução.
No dia 17, a formação rochosa
conhecida como Arco
de Darwin desabou. Deixando em pé suas duas colunas.
Simbolicamente, a ponte evolucionista
caiu...
Além disso, pirei pensando que os dois eventos têm alguma ligação que não está exposta.
Pra mim, houve um abalo em algum
ponto profundo do Pacífico. E mais, acho que foi algo entre as placas tectônicas de
Nazca e da Antártica.
Não me aprofundei no assunto, só
estou aqui num exercício de escrita. Considerando o livro Los Hijos de los Días,
do Eduardo Galeano. Essa obra é um conjunto de 366 textos que tratam de eventos
reais, apontando suas datas ao longo da História.
E veja só como algumas coisas são
de pirar mesmo...
No dia 12 de maio, mas de 2008, com
as palavras do Galeano, vi que um terremoto feroz sacudiu a China. Enorme
catástrofe.
Não é a primeira vez que vejo um
texto de Los Hijos de los Días registrar eventos passados se repetindo
no presente.
Em 2016, escrevi Quadrilha dos Deuses,
porque no dia 24 de agosto daquele ano houve um terremoto
na Itália.
A coincidência?
Soube, pelo Galeano, que em 24 de
agosto de 79 (não é 1979) o Vulcão
Vesúvio em erupção cobriu Pompeia, também na Itália.
E o que tudo isso tem a ver?
Não sei bem, pode ser que eu
esteja conectando desconexões da minha cabeça confusa e cansada. Mas achei
estranho 13 anos depois do terremoto da China, em datas muito próximas (12, 17, 19), o A-76
e o Arco de Darwin se romperem.
Quer mais?
No texto do Galeano sobre o
terremoto chinês, ele comenta sobre as reações dos animais antes do sismo,
termina assim:
[...] en el zoológico de Wuhan los
elefantes y las cebras embestían los barrotes de las jaulas y rugían los tigres
y gritaban los pavos reales.
De uma coisa tenho certeza:
Eu e a Terra trememos, mas ela não
é de medo.