21/09/2010

Diariamente me confundo


Tento ver o mundo como novo

mas quando vejo a criança, o jovem e o velho morador de rua

e outras fatalidades

me apavoro sentindo-me impotente

pensando que novo é o número crescente das catástrofes


Finjo acreditar na novidade

para não correr o risco de ser chamado de covarde

Finjo não perceber que todo dia é igual ao que passou e ao que virá

para parecer entusiasta


Minha aflição está no saber

que não é nisso que confio

que na verdade me confundo.

02/09/2010

Quando a ingenuidade permitia a existência sem dó

havia mais espaço para luta e motivação


Cada dia era o despertar de novas convicções


A palavra do poeta

do filósofo, do físico, do matemático

e do carteiro

era interpretada como uma mensagem pessoal para mudar


E a mudança materializava-se em impulso


Mas algo parece dar errado

convertendo feras em dóceis presas

guardando as garras, escondendo os dentes

trocando o pulso pelo pasto


Por sorte o instinto não se desfaz diante da farsa

a semente da fúria brota da calúnia, da injustiça, da mentira e do desgaste


A revolução amadurece

passa de pessoalmente estanque

para coletiva e constante.