03/05/2010

Durante o almoço lembrei-me de uma entrevista com um famoso bibliófilo que dizia: - Paulo Coelho está para a literatura assim como Edir Macedo está para a religião. Porque ouvi a conversa entre um garçom e um cliente:
- O senhor já pediu, Bispo?
- Ainda não... quero um filé com fritas...
- Algo para beber?
- Tem suco de quê?
- Abacaxi, limão,
- Tem graviola?
- Tem sim ... com açúcar? ... já trago ...
O tal Bispo não agradeceu, nem se interessou. Fiquei observando.
Bem alinhado o sujeito, com um conjunto comum de terno brega, gravata vermelha, relojão dourado e cara de desconfiado. Sua postura na cadeira era de um urubu tomando sol.
Percebi que apesar da minha grande vontade de respeitar a todos, há tipos que não me deixam tranquilo. Meu almoço foi tumultuado por essa presença, não deixei de observá-lo um instante, pensando na quantidade de pessoas que são enganadas por tipos como esse. A fé a serviço do enriquecimento de pilantras.
Depois de um tempo chegou mais um, com a mesma cara, e praticamente a mesma roupa. Imaginei-me sentando-me à mesa, simplesmente dizer que gostaria de saber sobre o que conversam os Bispos. Não tive coragem. Tomei meu café, com vontade de brigar. Fui pagar a conta sem olhar para eles diretamente, de rabo de olho apenas percebi os dois devorando a comida sem se olharem, parecendo nem sentir o sabor do alimento.
De dentro do salão pode-se observar a rua e de lá se pode observar o salão, por conta de um grande vidro. Quando saí fiz questão de olhar para através da divisória. Quando percebi que me notaram, enfiei o dedo no nariz, no fundo, buscando um pedaço do meu cérebro. Um deles fez uma careta o outro mastigou seu bife abrindo bem a boca.

2 comentários:

  1. Igreja UniMundiCosmoEstrelar dos Reinos e dos Mundos e da Porra de Deus.

    São seres como esses que, principalmente, deveriam sonhar com um senhor de bigode matando Dízus...

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  2. Como nossas percepções mudam, né?

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